O acesso à informação tem sido atualmente uma ótima ferramenta para nos mantermos conectados ao que McLuhan denominou “aldeia global”.
O fenômeno da globalização ilustra o nome dado por McLuhan ao nosso mundo, concordando com a ideia de que nossas referências deixaram de ser nossa vizinhança, nosso bairro, cidade ou país, mas sim o universo.
Em sua obra, o poeta Alberto Caieiro (heterônimo de Fernando Pessoa) no poema “O guardador de rebanhos”, dizia:
“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer Porque eu sou do tamanho do que vejo,e não, do tamanho da minha altura...”
O slogan ambientalista propõe: “Pensar globalmente e agir localmente”..
Tantos movimentos sociais e intelectuais tem nos estimulado a buscar noções fora do nosso “quadrado” e entender definitivamente que fazemos parte de um todo, sendo que, ignorar tal fato pode nos conduzir a cometer imprudências e equívocos tão desastrosos quanto injustificáveis mediante o universo de informações de que temos sido bombardeados cotidianamente em nossas redes sociais e mídia em geral.
Claro que precisamos de “chaves’ decodificadoras que nos auxiliem a selecionar, desse turbilhão de dados, aqueles que possam, de fato, nos transformar no ser globalizado em quem precisamos nos tornar e nos adaptarmos às novidades que a vida nos interpõe.
A Responsabilidade Social, tem sido atribuída a organizações, como uma função, digamos, compensadora do impacto que na maioria dos casos causam ao meio ambiente.
Segundo pesquisa publicada pelo Business for Social Responsibility (BSR) - entidade americana que reúne cerca de 1.400 companhias envolvidas com projetos de cidadania empresarial - 68% dos jovens norte-americanos preferem trabalhar em uma empresa ligada a algum projeto social, enquanto 76% dos consumidores daquele país preferem marcas e produtos envolvidos com algum tipo de ação social.
Essas organizações extrapolam e ultrapassam o simples local de trabalho e passam a oferecer algo mais para os seus funcionários. Aliás, a função social da organização reside nisso: colaborar para o desenvolvimento das pessoas e da comunidade de maneira responsável, pois de nada adianta ser uma “ilha de prosperidade” no meio de um oceano de pobreza.
Contudo, de muito tempo, temos entendido que as mudanças, ações e revoluções sociais, sempre parte de alguém, um indivíduo, que se sensibilizou com algum problema que viu, e partiu para ações concretas que visassem a eliminação ou ao menos minimização desse problema.
Sempre assim, de início, essa pessoa costuma ser tachada de maluco, visionário, ou
alguém que quer se promover na sociedade e ter seus 15 minutos de fama. Mas logo, alguém entende os benefícios da mudança e começa, a aderir até que se torna um hábito, ou um padrão comum na cultura local; hoje utilizamos padrões universais de coisas que foram introduzidas em locais pequenos, como se falássemos da “aldeia de Fernando Pessoa” e hoje poeta mundialmente conhecido e respeitado.
Dessa forma, ações responsáveis socialmente já não são ônus exclusivos de instituições, mas de cada um de nós, cada cidadão, porque todos nós somos responsáveis pelo meio ambiente em que vivemos.
Recentemente inúmeras praias nordestinas e até do sudeste foram poluídas por um óleo negro que sujou água e areias. Sem que houvesse um comando oficial, ou iniciativa institucional de empresas, vários cidadãos foram às praias recolher o material e evitar que a tragédia se ampliasse.
Estamos vendo assim, que esse tipo de atitude já é uma realidade para muitos; não estavam sendo obrigados por ninguém, nem recebendo qualquer quantia por isso, mas estavam lá enfrentando um sol escaldante em nome do bem estar de seus filhos, netos, bisnetos...
Essa realidade tem se infiltrado em nossas conversas, nossas preocupações e ansiedades diárias.
Em que mundo viveremos dentro de 20 ou 30 anos? Empresas, profissionais de seleção tem observado nas pessoas, o quanto participam de programas e atividades voltadas a esse fim.
Recentemente redigi um texto que falava da elaboração de Curriculum Vitae e nele, salientei a importância que o Mercado de Trabalho tem dado à presença de atividades dessa natureza entre aquelas listadas no C.V. do candidato.
Isso quer dizer exatamente que: não basta saber, entender e falar sobre um determinado assunto, mas a sociedade quer saber o que se tem feito sobre determinado assunto.
Veja aqui, um diferencial importante para seu sucesso nas seleções de que participar. Essas ações tem tido grande peso na escolha de novos funcionários.
Mas não se trata apenas de ser alguém que faz coisas efetivamente, mas que possui valores internos correspondentes, Trata-se de alguém que faz, sabe o que faz e porque faz. Caso seja questionado ou solicitado a explicar melhor o projeto de cujas atividades participou saberá descrever os objetivos e resultados esperados, o porquê das ações estabelecidas e alternativas para eventuais imprevistos.
Você passaria nesse teste?
Talvez em determinados momentos precisemos parar e refletir nessa pergunta,
“- e se eu não passar porque não tenho ainda a consistência que precisaria sobre esse assunto? Então não sou informado como deveria, nem globalizado como necessito...”
Aproveitando-nos mais um pouco da obra de Fernando Pessoa:
“Mudança”
...Não importa se a estação do ano muda... Se o século vira, se o milénio é outro. Se a idade aumenta... Conserva a vontade de viver, Não se chega a parte alguma sem ela...
A vontade de viver é querer aprender novas coisas e, aprender é mudar, para adaptar-se ao novo ano, novo século, à nova estação que chega e ao novo modo de pensar. Sem essa vontade de viver, que é o renovar-se dia-a-dia não se chega muito longe.
Sendo assim, não importa o cargo que você ocupa ou vai ocupar após o processo seletivo, não importa se seu vínculo com a empresa é temporário (o tempo do estágio, por exemplo). Não só ser escolhido, mas permanecer, e ser empregável é que conta. Sua imagem o acompanhará sempre, sua reputação é composta por milhares de fatores que constroem sua pessoa.
Nesse texto agregamos poesia, arte. Ferreira Goulart dizia que
“a arte existe porque a vida não basta”.
Informe-se, leia todos os tipos de literatura que puder, científica, poética, romântica, filosófica... Globalize-se, amplie sua visão de universo, veja o mundo para ser maior, e aumentar sua “estatura”, não do quanto mede, mas do que pode ver.
Uma jovem gestora que conheço parafraseou Fernando Pessoa, afirmando:
“Não sou do tamanho de minha estatura, mas do tamanho do meu sonho”.
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